quinta-feira, 24 de março de 2016

TRAJETÓRIA CAPILAR

Meu nome é Rosení Souza Santos, minha trajetória capilar com meu cabelo teve altos e baixos ele tem fios cacheados 3b, e quando criança sofri muito principalmente na hora de ir para escola, pois meus familiares não sabiam cuidar do meu cabelo e só andava com trancas sofria bulling na escola os colegas puxavam minhas trancas chamando as de rabo de cavalo. Como eu estudava pela manha tinha que acordar muito cedo para poder trancar os cabelos e aquilo era uma tortura, meu cabelo ficava amarado tão forte que minha testa ficava grande e lá ia eu ser alvo de mais piadinhas e brincadeiras de mau gosto. Ate chegou um tempo em que minha família alisou meu cabelo pela primeira vez eu tinha 12 anos dizendo que o cabelo liso é mais fácil para arrumar, dai por diante cortaram meu cabelo que era bem longo e cheio, eu era uma garota magrinha com uma linda juba minha avó falava que eu não engordava porque meu cabelo não deixava.
Depois do primeiro alisamento minha família sempre alisava quando precisava pois meu cabelo sempre teve um bom crescimento, na escola os alunos pararam de mim encher o saco, porem era uma tortura para mim toda a vez que tinha que alisar pois eu mesmo pequena não gostava daquela rotina de alisamento preferia ir brincar. Aos 18 anos entrei na universidade e comecei a ter uma nova visão de mundo o que na minha família eu não encontrava então decidi entrar em transição para voltar os meus cachos, foi muito difícil pois cortei o cabelo bem curtinho e comecei a usar produtos específicos para cachos e receitas de hidratação, nutrição e umectação caseiras, a minha família não aceitou e começou a mim chamar de doida e mendiga e sempre que arrumava meu cabelo diziam que para que eu fosse pentear o cabelo porque cabelo duro é para para quem não tem dinheiro para comprar progressiva, e eu como sempre fui uma pessoa de gênio forte e teimosa respondia dizendo que meu cabelo é minha identidade, minha herança, meu DNA, o mais engraçado é que minha família são pessoas negras porem tem preconceitos com elas próprias, os cabelos são lisos por processos químicos e mesmo assim não mim apoiavam.
De tanto as pessoas mim tratar com diferença eu fui fraca e o meu cabelo já todo cacheado sem química nenhuma eu alisei outra vez, meus amigos da faculdade e alguns que não são do curso mim apoiavam e mim incentivavam, mas a família não apoiava minha decisão. Depois de um tempo eu entrei em alguns grupos de transição de face book e ficava olhando as postagens das meninas com os cabelos crespos, cacheados, e ondulados que eram a coisa mais linda do mundo, depois de ter acalmado o meu psicológico eu decidi entrar em transição outra vez e nunca mais iria alisar meu cabelo por causa de nada e ninguém e quem quiser gostar de mim que goste do jeito que sou, pois meu cabelo é lindo. Hoje aos 21 anos eu estou com eu cabelo cacheadíssimo lindo e maravilhoso com todo o poder que uma mulher negra de cabelos cacheados tem, quem faz a minha historia sou eu, e o cabelo é meu. Sou cacheada sou negra sou mulher, sou forte sou determinada e corajosa, quem quiser conte sua historia para que possamos ajudar mais mulheres a se libertar deste paradigma que nos prende e nos deixa dependente.
Rosení Souza Santos 21 anos.
Castro Alves- BA 2016.
primeira vez que tentei ficar cacheada



segunda vez
Agora consegui

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